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“A maior tragédia de nossas vidas”

 

Foi  decretado luto oficial de três dias em todo o país, pela presidenta Dilma Roussef,  devido às 231 mortes ocorridas no incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), e publicado na edição do “Diário Oficial da União”, desta segunda-feira (28).

A Equipe do Porta OndeMorar lamenta profundamente a fatalidade. Às famílias das vítimas, desejamos os mais sinceros votos de força neste momento tão difícil.

O texto abaixo, do poeta e jornalista gaúcho Fabrício Carpinejar, expressa o que toda população gaúcha e brasileira sente ao saber do infeliz momento que vivenciamos.

 

A MAIOR TRAGÉDIA DE NOSSAS VIDAS

“Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça.

A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta.

Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa.

A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013.

As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada.

Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa.

Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio.

Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda.

Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência.

Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.

Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram.

Morri sufocado de tanta morte; como acordar de novo?

O prédio não aterrisou da manhã, como um avião desgovernado na pista.

A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.

Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro.

Mais de duzentos e cinquenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos.

Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.

As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso.

Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.

As palavras perderam o sentido”.

(Fabrício Carpinejar)

 

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